quarta-feira, 16 de abril de 2014

Imperial: Não se apegue a nenhuma nação.

Demorei um pouco essa semana pois estava me preparando para uma prova de História do Brasil, que não tem nada a ver com esse post...


Bem, hoje vou falar de Imperial, um dos meus jogos favoritos, criados por Mac Gerdts e publicado pela Rio Grande Games

Vamos lá...
A Europa na era do imperialismo, investidores internacionais disputam pela maior influência na Europa. Com seus títulos, eles controlam a política das seis nações mais poderosas: Império Austro-Húngaro, Reino da Itália, República da França, Grã-Bretanha, o Império Alemão, e o Império Russo. 

Investidores lutam pela influência das nações europeias, que passam de mão em mão enquanto novas alianças estratégicas e conflitos surgem entre elas, de novo e de novo...


Fábricas são erguidas, frotas construídas e exércitos são convocados. Os investidores observam suas nações expandindo, conduzem guerras, cobram impostos, e recolhem sua receita. 


Tríplice Entente
Tríplice Aliança
Em Imperial, cada jogador representa um investidor internacional. Somente aquele que conseguir aumentar seu capital e ganhar influência nas mais poderosas nações da Europa, será o vencedor.

Estamos entre o final do século XIX e a primeira década do século XX, as seis principais nações da Europa movimentam milhões, investindo em exércitos, ferrovias e na expansão de seus impérios.

Nessa época a Tríplice Entente e a Tríplice Aliança formavam os dois principais grupos militares da Europa. As seis nações presentes em Imperial fazem parte desses dois grupos, e aqui vai um pouco de informação sobre cada uma delas:

O Império Austro-Húngaro
Governado pelo Imperador Franz Joseph I, fazia parte da Tríplice Aliança ao lado do Império Alemão e do Reino da Itália. Sua principal atividade econômica era a maquinaria industrial, e seu principal parceiro de comércio era o Império Alemão, responsável por quase 50% das exportações do Império Austro-Húngaro.





Reino da Itália 
No reinado de Victor Emmanuel III, a Itália era o elo mais fraco da Aliança. Militarmente, a Itália era muito mais fraca do que seus vizinhos, a França e a Áustria-Hungria. Sua economia era fraca, se comparada com as outras potências da Europa, seu consumo de energia era 90% dependente das usinas de carvão do Império Alemão. Uma das melhores qualidades do Reino da Itália era seu litoral voltado para o Mediterrâneo.

Império Alemão
Wilhelm II (Guilherme II) era o Imperador da Alemanha, maluco por uniformes e militarismo, após a exoneração do Chanceler Otto von Bismarck em 1890, deu início a uma política externa mais agressiva. A Alemanha tinha a ambição de se tornar uma grande potência mundial, contudo esse seu "apetite" por angariar colônias acabou sendo um balde de água fria nas suas relações externas. Suas constantes tentativas de firmar um acordo naval com a Grã-Bretanha falharam. O antigo acordo no qual o seu arqui-inimigo, a França, estava diplomaticamente isolado na Europa, entrou em colapso quando a França estabeleceu relações amigáveis com a Grã-Bretanha e Rússia. Apenas o Império Austro-Húngaro se manteve leal em suas relações com o Império Alemão.

República da França
Governada por Raymond Poincaré desde 1913. A França, que perdeu a guerra com a Alemanha em 1870 - 1871 (Guerra Franco-Prussiana), assistiu o crescimento militar de seu rival e quase entrou em guerra com a Grã-Bretanha por um território no norte da África, em 1898, mas a partir de 1904 sua aliança com os britânicos ficou bem mais amigável, assim como com os Russos. Para enfraquecer a Alemanha, a França deu uma forte ajuda financeira à Russia, para fortalecer seu poderio militar e suas ferrovias.

Grã-Bretanha e Irlanda 
Reinada por George V (avô da velhinha Elizabeth II) foi coroado Rei em 1910. A Grã-Bretanha possuía um império gigantesco. Deixou de lado sua rivalidade com a França e a Russia pelas colônias na África e Ásia e formaram a Tríplice Entente, graças ao interesse em comum de se opor à agressiva política externa de Guilherme II da Alemanha.





Império Russo
Governado por Nicolau II, o último Imperador da Russia. Seu reinado terminou em 1917 com a Revolução Russa (que foi satirizada na Revolução dos Bichos por George Orwell, que por sua vez inspirou o excelente card game WarZoo). A Russia tinha tudo para ser a nação mais poderosa do mundo, devido à sua crescente população e ao seu tamanho geográfico. 
Tentou ampliar sua influência sobre o Canal de Bosforo, na Turquia, o que resultou em uma tensão com o Império Austro-Húngaro e com a Alemanha, ambas aliadas da Turquia. 

Carta do Investidor e o Banco Suíço.
Embora pareça ser um jogo de guerra, Imperial é um jogo econômico onde o interesse em controlar determinada nação fala mais alto. Isso reflete muito a situação da Europa nesse período que precede a Primeira Grande Guerra. No decorrer do jogo cada jogador assume o papel de Investidor, onde ele pode comprar títulos de cada um dos seis países, aumentando a sua influência em cada nação, fazendo com que o controle de uma nação mude de mãos. Existe um sétimo país que tem um papel interessante nessa última edição do jogo, a Suíça, o único território do tabuleiro que não pode ser invadido.
Por todo esse período (fim do século XIX e início do século XX), a Suíça cresceu economicamente investindo em muitos países vizinhos. Isso fez com que por muitas vezes ela não fosse invadida.


Títulos do tesouro.
Imperial é um jogo tenso, você começa controlando uma ou mais nações, investe em exércitos, fábricas, etc... Mas em algumas rodadas depois você pode perder tudo o que você investiu quando a nação que você controla troca de mão e você se vê sem nenhuma nação, ou controlando uma outra que está prestes a tomar os territórios que você controla, usando o exército que foi construído com o seu investimento!

Esse clima de tensão exemplifica muito bem a Europa dessa época, onde o assassinato do príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro foi a gota d'água para um início de um conflito que deixou milhões de mortos, a Primeira Grande Guerra.

Concluindo, imperial é um jogo um pouco pesado em termos de regras, mas muito bom para exemplificar como funcionavam as relações econômicas e militares no período do Imperialismo na Europa.

E no final, como sempre, ganha quem tem mais dinheiro!

MILHÕES!!!!


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Troyes: E os pilares da sociedade medieval

Fala pessoal! Vou falar hoje sobre um jogo que gosto muito, o Troyes, de Sébastien Dujardin, Xavier Georges e
Alain Orban, publicado em 2010 pela Z-Man Games. 


Vamos lá!

A fundação da Catedral de Troyes foi estabelecida no ano de 1200, mas a mesma só foi concluída 400 anos depois, Troyes é um jogo que nos leva à experiência de uma sociedade medieval por quatro séculos de história, participando do desenvolvimento de uma das cidades medievais que mais marcou a cultura ocidental. Nesse jogo fazemos parte de uma família rica da região francesa de Champagne, usando nossa influência para recrutar forças das três principais ordens sociais da época.

Catedral sendo construída e a Catedral pronta!

Naquela época a sociedade era organizada em três ordens: A Nobreza, o Clero e os Camponeses.
  • A Nobreza formava principalmente a força militar, protegendo as terras e promovendo a justiça, mesmo que pelos seus próprios meios. Representada pelos dados vermelhos;
  • O Clero guiava espiritual e religiosamente a sociedade, contribuindo para manter e desenvolver o conhecimento e a cultura. Representado pelos dados brancos;
  • Não se levava muito em consideração os Camponeses, mas seu trabalho duro e diário era essencial para suprir as necessidades básicas da população. Representado pelos dados amarelos.

Os dados negros são ameaças à cidade.
No jogo cada domínio oferece diferentes benefícios: Os Militares (vamos chamar assim a Nobreza, pois seu papel nesse jogo é mais militar mesmo...) permitem que você combata com mais eficiência as ameaças (representadas pelos dados negros). O Clero foca na construção da Catedral, e na educação dos Camponeses e Militares. E os Camponeses trabalham duro para encher os cofres da cidade.



Palácio, Prefeitura e o Bispado
Os jogadores utilizam seus Cidadãos, que representam pessoas que trabalham para sua família buscando

influência em um dos três domínios da cidade, que no tabuleiro são representado por três prédios, o Palácio para os nobres Militares, a Prefeitura para os Camponeses e o Bispado para o Clero. Lá, dependendo de quantos Cidadãos seus estiverem trabalhando, você ganha uma certa quantidade de dados, que representam a força de cada um dos três domínios.

Cada distrito da cidade com suas forças.
São com esses dados que jogamos, a cada rodada podemos utilizar o poder que temos naquele domínio para executar ações nas Cartas de Atividade, que representam atividades comuns àquela época ou combater eventos que ameaçam a cidade.

O Trovador, o Monge e o Moleiro (que trabalha no moinho). Cartas de Atividade.

Pilhagem - Carta de Evento

Todas essas ações são realizadas levando em consideração o objetivo de um personagem histórico que influência a sua família. Esses personagens foram pessoas de grande influência que ajudaram a fazer da cidade o que ela é hoje! Aqui vai um pouco de cada um desses personagens:

Chrétien de Troyes
Chrétien de Troyes foi um poeta francês do final do século XII. Foi um dos primeiros autores de romances de cavalaria, e o criador da lenda do Santo Graal. Ele precisa de leitores, e recompensa os jogadores de acordo com a quantidade de Cidadãos em cada uma dos três prédios da cidade. 
Urbano IV

Urbano IV era filho de um sapateiro em Troyes e se tornou Papa em 1261 após ter sido um escriturário na Catedral. Foi quem instituiu o feriado de Corpus Christi em 1264, ano de sua morte.  Ele recompensa àqueles que ajudam a construir a Catedral.


Teobaldo II
Teobaldo II foi Conde da região de Champagne, responsável por instigar as grandes feiras de comércio, levando Troyes de uma pequena cidade à capital da região de Champagne. Ele recompensa os jogadores pelo acúmulo de dinheiro.

Hugo de Payens
Hugo de Payens foi o fundador da Ordem dos Templários. Durante o Concílio de Troyes em 1129, a Ordem dos Cavaleiros Templários foi oficializada pela igreja. Ele recompensa os jogadores por Pontos de Influência acumulados.

O Florentino
O Florentino, como era conhecido Domenico del Barbieri, foi um escultor que viveu em Troyes no período Renascentista, famoso pelas nelas esculturas que criou para igrejas. Ele participou da reconstrução da cidade após o incêndio que a destruiu em 1524. Ele recompensa os jogadores pela sua quantidade de Comerciantes.

Henrique I
Henrique I de Champagne, foi filho de Teobaldo II, lutou na Segunda Cruzada e após a morte de seu pai, assumiu o título de conde e foi o responsável por tornar a cidade um dos lugares mais seguros para o comércio na França. Ele recompensa os jogadores pela quantidade de Eventos combatidos.

O jogo dura uma quantidade determinada de rodadas e ao final da ultima rodada vence o jogo aquela família que conseguiu mais fama, representada na forma de Pontos de Vitória.

Troyes é um jogo que mostra muito bem como era e como funcionava a sociedade medieval na Europa, como a população trabalhava em função de um único objetivo - nesse caso a construção da Catedral - quais eram as principais forças políticas, sociais e econômicas daquela época e de quebra, as curiosidades sobre as figuras históricas que nasceram naquela região.

É um jogo rápido e muito interessante para ensinar sobre o assunto!

Bem... É isso!

Semana que vem, um salto para o século 19, alguém arrisca?